Carne ovina nunca passou pela mesa de um em cada dez brasileiros. E o motivo não é o preço

Apesar de ter mais ferro que peixe e frango, alto teor de vitaminas, minerais e proteína de alta qualidade, a carne ovina nunca foi saboreada por 25 milhões de brasileiros, o que representa 12% dos consumidores do país, mostra pesquisa da Embrapa divulgada na última semana.

“Mesmo no Sul, onde há tradição na criação e consumo, a carne ovina é mais lembrada para os churrascos de fim de semana, para assar em momentos festivos, mas ela não está presente no cardápio durante a semana”, resume a pesquisadora da Embrapa Pecuária Sul Élen Nalério, coordenadora do projeto “Aproveitamento Integral da Carne Ovina (Aprovinos)”, que busca levar ao mercado novas opções de consumo dessa carne.

Carne de cordeiro consumo
Segundo a Associação Brasileira de Criadores de Ovinos (ARCO), o consumo per capita brasileiro de carne de ovelha é de 400 gramas anuais, enquanto que o brasileiro come, em média, cerca de 44 quilos de carne de frango por ano, 35 quilos de carne bovina e 15 quilos de suína.

Conforme análise da Embrapa, 52 milhões de brasileiros, ou 25% da população nacional, dizem saborear com certa periodicidade carne de carneiro ou cordeiro: 17% pelo menos uma vez por mês, 7% uma vez por semana e apenas 1% diariamente. Ao todo, 27% comem esse tipo de carne algumas vezes por ano e 128 milhões (35% da população) dizem ter experimentado alguma vez na vida.

Engenheira de alimentos, Juliana Cunha de Andrade fez uma tese de doutorado sobre o tema “Percepção do consumidor brasileiro em relação à carne ovina e produtos derivados”. Ela descobriu que o motivo para o consumo ser menor que outras proteínas animais vão da pouca disponibilidade à falta de costume e inexistência de cortes para o dia a dia, como acontece com outras carnes.

“A falta de adequação da carne ovina a uma situação de consumo frequente foi identificada como a principal barreira, sendo considerado um produto para ocasiões específicas, em oposição às refeições diárias”, destaca a pesquisadora.

Novos mercados para carne ovina
Uma das conclusões da pesquisa mostra ainda que o número de homens que já experimentaram esse tipo de carne é maior que o de mulheres. Além disso, a proporção de pessoas da Região Sul do Brasil foi maior entre os classificados como consumo frequente. Contudo, a orientadora da tese, Rosires Deliza, pesquisadora da Embrapa Agroindústria de Alimentos, afirma que uma oportunidade está na região Sudeste, por ser mais populosa, apresentar maior poder de compra e acesso aos bens e serviços do País.

“Entre as estratégias identificadas para aumentar o consumo estão: campanhas de comunicação, degustação em grandes centros comerciais, desenvolvimento de novos produtos e viabilização do consumo em situações cotidianas”, indica Rosires Deliza.

Presunto, hambúrguer e bacon de ovelha
Entre esses novos produtos estão principalmente os derivados. Pesquisadores já mostraram que é possível criar a partir de ovelha: presuntos crus defumados e não defumados, copas, mortadelas, hambúrgueres e até bacon, já nominado de oveicon.

“O desenvolvimento de produtos, além de aumentar a vida de prateleira da carne in natura, pode ser uma ótima oportunidade para aumentar o consumo de carne ovina, a exemplo da carne suína, da qual 70% é consumida na forma de produtos derivados. Pelas nossas pesquisas, os consumidores entendem que seria interessante ter maior variabilidade de cortes ovinos e produtos derivados”, finaliza Juliana Cunha.

Com informações da Gazeta do Povo e Embrapa.

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