Um animal compacto, mais baixo e com muita massa muscular, principalmente na parte posterior (pernil), anterior (paleta) e superior (lombo), que são os cortes nobres da carne de carneiro. Essencialmente, essas são as características que um carneiro da raça Suffolk deve ter. Essas informações foram definidas no 1º Curso de Atualização de Jurados da Raça Suffolk, que aconteceu em São Martinho da Serra (RS), nos dias 23 e 24 de maio. O objetivo foi formar uma lista dos membros que irão fazer parte do Colegiado de Jurados da ABCOS, mas principalmente definir qual o biotipo do Suffolk no Brasil.
“O Suffolk vem passando por uma transformação muito grande e este momento de transição é muito delicado. Há conceitos antigos e é difícil mudar conceitos que até então eram essenciais para a raça. Existe uma discussão sobre o Padrão Racial, mas isso é definido pela Suffolk Sheep Society, no Reino Unido, e nós não podemos mexer, mas inclusive eles, já estão mais flexíveis. Nessa linha de pensamento é preciso ter bom senso, se queremos um animal competitivo para fins de produção de carne. É isso que pretendemos que aconteça no Brasil”, esclarece Bruno Garcia Moreira, presidente da ABCOS.
O presidente ficou bastante satisfeito com a realização do curso, mas acredita que é necessário esperar a realização das próximas feiras, para observar se o conteúdo passado foi absorvido pelos técnicos. “Acredito que todos saíram bem convencidos sobre qual é o novo biotipo do Suffolk no Brasil. Agora, é preciso acompanhar as próximas exposições. Na medida que a incidência de animais mais baixos forem se destacando nos eventos, é sinal que os Técnicos do Colegiado de Jurados realmente entenderam o que a ABCOS quer para a raça”, afirma.
“O Suffolk é uma raça que tem grande aptidão a produção de carne de excelente qualidade e maciez incomparável. Isso é o que devemos procurar nos nossos animais. Com essa nova conformação isto fica muito evidente. Sendo assim, criadores e técnicos estão atualizados em relação ao biotipo do Suffolk. Nós demos um grande passo para conquistar muitos mais adeptos à raça Suffolk. Tenho convicção de que este Suffolk que apresentamos para todos no curso será uma unanimidade dentro em breve”, ressalta Garcia Moreira.
O curso contou com a presença de 21 participantes, o Estado do Rio Grande do Sul estava em peso, com 15 inscritos, seguido de São Paulo com dois, Mato Grosso do Sul, Paraná e Santa Catarina, com um e também a presença de um criador uruguaio. Em breve será divulgada a lista de nomes que forma o Colegiado de Jurados da ABCOS e que será responsável pela defesa desse biotipo do Suffolk no Brasil.
Um dos responsáveis pelo conteúdo do curso foi o diretor técnico da ABCOS, o zootecnista Gustavo Martins Ferreira. “Como este foi o primeiro curso de atualização e direcionamento para chegarmos em um Suffolk com biotipo funcional e produtivo, há sempre um desconforto na mudança por parte de alguns, mas acredito que todos saíram com uma imagem de um Suffolk mais próximo do chão, com a atenção a massa muscular, que é o que a ABCOS quer”.
De acordo com o superintendente do Serviço de Registro Genealógico de Ovinos e Coordenador do Colegiado de Jurados das Raças Ovinas da ARCO, o médico veterinário Edemundo Ferreira Gressler, o curso de atualização da raça Suffolk atende a uma demanda, que o bom momento da raça vem proporcionando. “São novos conceitos, uma nova padronização da raça, que precisam ser passados”, defende.
“A iniciativa da ABCOS foi brilhante e essencial. É importante ressaltar o trabalho da equipe de bastidores que fez o curso se concretizar, inclusive os professores. O sucesso desse curso certamente irá refletir em todo o criatório de ovinos, não somente na criação de animais de elite, mas também naquelas propriedades de produção industrial, que tem o objetivo de cruzamentos com foco na produção de carne. Com toda certeza será necessário a criação de um novo curso, para atender uma nova demanda de interessados pela raça, sejam eles veterinários, técnicos ou até mesmo os criadores”, projeta o superintendente da ARCO.
O inspetor técnico da ARCO, José Galdino Garcia Dias, ressalta a realização do curso, principalmente no que tange o futuro do raça. “A iniciativa da ABCOS em promover curso de atualização de tipificação do Suffolk é muito importante, inclusive, deveria acontecer com outras raças. O curso foi bastante claro e é fundamental para padronizar os julgamentos da raça. O curso possibilitou mostrar a padronização da raça, de acordo com os objetivos da Associação. Os criadores da raça terão que se adaptar a essa padronização, se não quiserem ser prejudicados nas feiras e exposições”, afirma.
O criador e associado da ABCOS, Vinicio Bastos, que também participou do curso, ficou satisfeito com o resultado. “Julgo muito importante a realização do curso, porque diante deste trabalho entre Técnicos e criadores teremos um animal com características raciais dentro do padrão, conformação carniceira, funcional em pista, no pasto e o principal: que é dar ao criador a confiança de ter um ovino moderno e economicamente rentável capaz de competir com qualquer outra raça na produção de carne”, diz.
O outro criador e associado da ABCOS, que também participou do curso, é Lucas Balinhas, que compartilha da mesma opinião de Bastos. “Foi um curso muito proveitoso, no qual podemos trocar ideias sobre o padrão que a associação está buscando para a raça Suffolk, que está cada vez mais ganhando mercado na ovinocultura brasileira, produzindo animais precoces, com boa conformação carniceira e adaptado a diversos ambientes. Parabéns aos organizadores, ao Presidente Bruno e aos Zootecnistas Gustavo e Márcio que ministraram o curso”, parabenizou.
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